Wednesday, July 06, 2022

Que loba, que nada.


 

Só vim aqui deixar registrado o que se passa comigo nessa nova década de vida.

Querido diário, não se passa nada e ao mesmo tempo tudo.

Me encontro em um limbo. Solta ou presa em um vazio, sensação difícil de descrever.

Diferente de outras épocas, hoje não estou nem feliz e nem triste por estar mais próxima da idade desejada que são os cinquenta.

Outrora eu celebraria com pelo menos um bolinho, mas dessa vez eu só desliguei e queria que ninguém mais lembrasse.

Minhas expectativas para essa nova idade era que eu tivesse uma explosão de ideias e soluções para problemas antigos, mas o que veio foi apatia, é, acho que essa é a palavra certa para como estou me sentindo. Apática.

Enfim saí da fase que nem jovem nem velha, agora estou na fase do nem tão velha assim, mas sem espírito jovem para viver coisas.

E foi assim que quarentei apática. e sem apetite.


[um registro para a posteridade]

Sunday, January 23, 2022

Somos no futuro o que brincamos na infância.

 A maternidade nunca foi um plano, e nunca me julguei ou cobrei por essa escolha. Desde pequena as minhas brincadeiras sempre foram interpretando uma mulher de negócios, alguém que trabalhava fora, lembrando que eu fui criança nas décadas de 80 a 90, nenhuma mulher da minha família trabalhava fora, mas minha avó tinha o dinheiro dela de alugueis que ela recebia, então, quem era meu exemplo? Até hoje não sei. Talvez eu só tenha nascido assim, tenha nascido para ser dona de mim, viver para mim.

Bom, essa minha busca por trabalho começou cedo, olhava os classificados com uns doze anos de idade, eu tô chutando essa idade já que não tenho certeza da época, mas lembro claramente que a idade limite para contratação era até os 30 anos, isso ficou bem marcado na minha memória porque era escrito nos jornais que a vaga era para mulheres até os trinta, mas a preferência era para quem tivesse 25 anos, e na época já era cobrado o grau de instrução 'Ensino Médio completo' e claro, datilografia, e lendo em voz alta uma dessas vagas, minha tia disse "quando for a tua vez, já vão estar exigindo ensino superior" e ela estava certa, as vagas para mulheres só eram duas, babá ou secretária de escritórios, normalmente de contabilidade.

Eu acordava cedo para assistir Pequenas Empresas & Grandes Negócios, fiquei feliz em saber que ainda passa na tv, inclusive, vou tentar assistir o próximo.

Estou aqui, finalmente com coragem de me assumir dona do meu negócio, depois de ter trabalhado por 19 anos como CLT.


Silêncio.

por @giselle_dekel
Lembro quando comecei a escrever aqui, neste canal. Foi em 2006 que resolvi tentar escrever, e a tentativa era desanuviar o vulcão de pensamentos que sempre tive. Hoje vejo que sou ansiosa, mas antes não entendia, a sorte era que eu sempre escrevia em diários, tudo que me incomodava, hoje não tenho disposição para diários e como podemos ver, nem blog, já que tem um tempo que não apareço por aqui.

Em 2006 eu estava com 24 anos, tinha acabado de entrar na faculdade, nem acreditava que estava conseguindo sair da bolha que minha família vive, estava começando a andar por diferentes caminhos. Cursava Publicidade e Propaganda, como sempre não sabia direito se queria mesmo isso, só sabia que queria um ensino superior, queria a chance de uma vida melhor.

Hoje, na beira dos meus 40 anos, tenho uma imensa felicidade em olhar pra trás e ver que tudo que fiz e vivi , foi bem aproveitado, não carrego arrependimentos, carrego nos três fios brancos da minha cabeça, muito aprendizado, e sigo no aguardo de mais experiências, conhecimentos e realizações.

Ando calada, minha mente mais calma, sem a efusividade de outrora, só a noite, antes de dormir que me vem a mente algumas inseguranças, incertezas que durante o dia somem. Por isso tanta gente tem medo da noite, tem medo da hora de dormir. Na escuridão que vem o bicho papão do adulto, o monte de "e se... mas... se não der certo..." Mais recentemente, um simples, ingênuo comentário de um grande amigo ajudou a pesar ainda mais a hora de dormir, ele perguntou dentro do contexto da nossa conversa, quantos anos eu ia fazer esse ano, então respondi “40” e ele “Puxa! tens que te mexer rápido” esse comentário caiu como uma granada no meu cérebro. O contexto da conversa¿ Eu tô prestes a dar um salto maior que as pernas, comprar enfim minha casa, um lugar que eu vou poder, um dia, chamar de meu.

Óbvio que eu sempre sonhei e me vi na fase madura morando em um apartamento, em um apartamento meu e sozinha, mas o processo até lá tá sendo muito longo, mais do que eu imaginei – claro que, quando imaginei isso, eu não fazia a menor ideia do que era ser uma pessoa adulta, responsável financeiramente por mim, e claro, não imaginei uma pandemia na minha vez – e sendo um processo demorado e ainda ouvir esse comentário me senti fraca, estou me sentindo incapaz, impotente, e olho para trás e aí mesmo que o peso da minha idade me puxa, porque na real, eu não me sinto pré-meio século, porque, ao completar quarenta anos estarei só há dez distante dos sonhados cinquenta. E aqui estou, sem ter construído o império que queria ter construído.

O objetivo hoje, neste domingo, é decidir, se vou me arriscar em comprar um apartamento ou se vou segurar mais esse dinheiro, pois, além de pandemia, a democracia do Brasil está ameaçada, e aí, posso mudar de rota, e quem sabe ir para outro país, esse é meu plano B criado agora, nesse momento.

E você? Tem um plano de fuga?