Lembro
quando comecei a escrever aqui, neste canal. Foi em 2006 que resolvi tentar
escrever, e a tentativa era desanuviar o vulcão de pensamentos que sempre tive.
Hoje vejo que sou ansiosa, mas antes não entendia, a sorte era que eu sempre
escrevia em diários, tudo que me incomodava, hoje não tenho disposição para
diários e como podemos ver, nem blog, já que tem um tempo que não apareço por
aqui.
Em 2006 eu estava com 24 anos,
tinha acabado de entrar na faculdade, nem acreditava que estava conseguindo
sair da bolha que minha família vive, estava começando a andar por diferentes
caminhos. Cursava Publicidade e Propaganda, como sempre não sabia direito se
queria mesmo isso, só sabia que queria um ensino superior, queria a chance de
uma vida melhor.
Hoje, na beira dos meus 40
anos, tenho uma imensa felicidade em olhar pra trás e ver que tudo que fiz e
vivi , foi bem aproveitado, não carrego arrependimentos, carrego nos três
fios brancos da minha cabeça, muito aprendizado, e sigo no aguardo de mais
experiências, conhecimentos e realizações.
Ando calada, minha mente mais
calma, sem a efusividade de outrora, só a noite, antes de dormir que me vem a
mente algumas inseguranças, incertezas que durante o dia somem. Por isso tanta
gente tem medo da noite, tem medo da hora de dormir. Na escuridão que vem o
bicho papão do adulto, o monte de "e se... mas... se não der
certo..." Mais recentemente, um simples, ingênuo comentário de um grande
amigo ajudou a pesar ainda mais a hora de dormir, ele perguntou dentro do
contexto da nossa conversa, quantos anos eu ia fazer esse ano, então respondi “40”
e ele “Puxa! tens que te mexer rápido” esse comentário caiu como uma granada no
meu cérebro. O contexto da conversa¿ Eu tô prestes a dar um salto maior que as
pernas, comprar enfim minha casa, um lugar que eu vou poder, um dia, chamar de
meu.
Óbvio
que eu sempre sonhei e me vi na fase madura morando em um apartamento, em um
apartamento meu e sozinha, mas o processo até lá tá sendo muito longo, mais do
que eu imaginei – claro que, quando imaginei isso, eu não fazia a menor ideia
do que era ser uma pessoa adulta, responsável financeiramente por mim, e claro,
não imaginei uma pandemia na minha vez – e sendo um processo demorado e ainda ouvir
esse comentário me senti fraca, estou me sentindo incapaz, impotente, e olho para
trás e aí mesmo que o peso da minha idade me puxa, porque na real, eu não me
sinto pré-meio século, porque, ao completar quarenta anos estarei só há dez
distante dos sonhados cinquenta. E aqui estou, sem ter construído o império que
queria ter construído.
O
objetivo hoje, neste domingo, é decidir, se vou me arriscar em comprar um
apartamento ou se vou segurar mais esse dinheiro, pois, além de pandemia, a
democracia do Brasil está ameaçada, e aí, posso mudar de rota, e quem sabe ir
para outro país, esse é meu plano B criado agora, nesse momento.
E você? Tem um plano de fuga?