Saturday, November 09, 2019

Pra quê??

Tenho tido uns dias esquisitos.

Dor no peito quando respiro;
Vontade de não acordar;
Choro constante;
Insônia;
Quando consigo dormir acordo no meio da noite e o primeiro pensamento que me vem em mente é que estou ficando velha, se eu perder meus trabalhos não será fácil encontrar outro, então não darei conta de cuidar da família.

Não to entendendo o por que de estar nesse mundo, não faz sentido correr uma maratona só pra ser concebida, depois corre pra se "dar bem" na vida e nem é garantia de que isso vai acontecer, e depois começa a ver seus pais partindo desse mundo aos poucos. É uma coisa injusta, é uma coisa que não dá pra aceitar passivamente como a gente aceita!

Pra que inventaram o ser humano??

Por que afinal a gente existe? Qual a finalidade de tanta dor, tanta luta, tanta guerra, tanta destruição, e poucos risos e poucas vitórias?

Monday, November 04, 2019

Do que vc brincava?

Resultado de imagem para O Espírito da Colmeia
Imagem do filme: O Espírito da Colmeia 

Quando criança temos um sonho do que seremos ao crescer, mas quase não o levamos a sério, esse sonho foi criado em uma fase da vida que ninguém nos dá credibilidade - pelo menos não a maioria dos adultos - e por quê nós nos daríamos esse voto de confiança? Somo só crianças.

Então, fomos cobrados a mostrar bons resultados, nas notas da escola, na atividade extra curricular que tínhamos;

Mas antes disso existiu uma fase, para muitos, que qualquer coisa feita era motivo de gratificações e aplausos; Deixa estar, que a fase da nossa fofura passa. É aí que começa a degringolar tudo.

O que antes era motivo de aplausos, passa a ser motivo para ouvir um grito de reprovação, por que? Porque você já não tem mais idade para fazer isso, mas aí depois, você também não tem idade suficiente para fazer outras - você deve entender bem, que fase da nossa vida é essa - e aí, você se vê perdidx.

Então, chegamos a fase adulta. A essa altura, você já nem lembra mais o que queria ser, ou se lembra, já não parece uma boa ideia. O momento pede dinheiro, você tem que mostrar aos seus pais, amigos e todo o resto que você é um sucesso! Se pedir ajuda para os pais, deux te livre! É o atestado de fracassado.

Voltando ao tal do desejo de infância.

Você estudou, se formou, fez especialização, arranjou um trabalho, casou, teve filhos, mas agora, está com 37 anos (+ou-), tá sentadx na frente do seu computador finalizando ou iniciando um trabalho, para entregar outro dia, mas não sabe o que fazer com suas horas livres, só sabe que tem que estar produzindo algo para não ficar para trás, aí... do nada, você ouve um som, seja uma música, um jingle, ou sente um cheiro que era muito comum na sua infância (o meu era terra molhada) aí tu viaja e lembra o que queria ser. E agora você é grande!!

Você é aquilo que brincou - que na verdade era ensaio - por várias e várias vezes na inafância?

Saturday, November 02, 2019

7 Dias.


Meu irmão e meu pai (1992)
Hoje é o 7ª dia após o enterro do meu pai.

Hoje a tristeza tá maior.
Hoje a ficha tá caindo.

Acho que esse delay é devido a distância que mantivemos ao longo desses 24 anos.
Ele não era meu pai de sangue (se é que isso importa para alguém) mas é o pai do meu irmão, e me deu seu nome e seu amor enquanto estava com minha mãe, foi um pai maravilhoso, eu o admirava.
Sempre que penso nele me vê as mesmas cenas, ele chegando super tarde em casa, e jantando uma pratada de feijão, com bastante pimenta, carne e ovo. Na frente da Tv e no escuro; depois ia dormir pra sair às 4h da manhã para começar tudo de novo.
Nos finais de semana ele ia a feira, comprava muitas frutas, conversava, cozinhava. Mas no geral ele era calado e vivia trabalhando.
A paixão dele era meu irmão, ele realmente era apaixonado pelo Dan, mas não deixava eu sentir ciúmes.
Se eu tivesse que resumir ele em uma palavra seria B A T A L H A D O R. Meu maior exemplo de força, garra, resiliência. Um homem humilde, de vida dura, suada, mas sempre na dele, e não deixando transparecer para ninguém o qual era pesado o seu fardo.

No dia do enterro eu não sabia como me portar, a muito tempo eu não perdia ninguém, então eu meio que estava amortizada, sei lá. Derramei poucas lágrimas, fiquei em silêncio tentando analisar o que eu sentia e não cheguei a nenhuma conclusão. Só desejei que finalmente ele descansasse e pudesse enfim gozar de uma paz e alegria que eu infelizmente imagino que ele não teve em vida.

Quando ele e minha mãe se separaram ele foi cuidar da vida dele, mas eu sei que ele sofreu muito! Mas ele fez o que a minha mãe pediu, se afastou. E eu, não sendo filha dele de sangue, vejo em mim mais dele do que de qualquer outro parente de sangue que eu tenho.

Não tenho nenhuma foto com ele. Mas tenho muitas memórias.

Saturday, April 27, 2019

Acumuladora

Todo mundo tem histórias para contar, mas o que às transformam em algo de interesse geral?

Desde pequena eu sinto o desejo de escrever, e sempre que lembro dessa vontade me acompanhando desde criança, me vem na lembrança uma cena única, que sou eu pintando um tecido, fazendo nele uma praia, colando conchas reais que eu peguei na praia do Ariramba em Mosqueiro - ainda sinto o cheiro da tinta - e então colei em um caderno simples, que eu havia decidido que era nele que eu ia contar minha primeira história.

Fui pra frente da casa do meu avô - que é onde moro até hoje - e fiquei escrevendo coisas bobas que me aconteciam, que eu tinha um amor desde criança, que era um amor impossível porque minha mãe não me deixava namorar e blá blá...só que eu devia ter uns 14 anos, e esse tal amor, eu tinha desde bem antes. Louco isso né? Foi dele que eu acabei engravidando aos 17 anos, na nossa primeira noite juntos. Perdi nosso filho, e em seguida foi ele também, que me deu a segunda experiência de um relacionamento abusivo, mas na época nem me passava pela cabeça que isso seria um relacionamento abusivo, para mim era só uma briga como qualquer outra.

Outro momento que lembro que tentei escrever, foi usando a máquina de datilografia do meu avô, e nessa folha eu escrevia a relação que eu tinha com minha tia, nossa, como eu fui cruel com ela nessa narrativa. Não sei exatamente o que escrevi, mas eu lembro que ela me brigou muito e chorava com o que eu tinha escrito, hoje eu tenho um amor tão grande por ela. E aos poucos ouço dela, como foi aquela época aos olhos dela.

E hoje, quando tento escrever sobre minhas experiências, sempre me vem a mente, que escrever sobre os vários relacionamentos que vivi, são só desejos, que vão ficando cada vez mais para trás, porque não consigo ver nada que realmente valha para outro nas minhas experiências.

Estou me tornando uma acumuladora de histórias e experiências pouco interessantes, e não consigo extrair nada que seja útil para outra pessoa.

Saturday, April 20, 2019

Coerência.


É tão difícil para nós seres humanos "normais" e "saudáveis" termos EMPATIA. Uma palavrinha que já esteve na moda, virou quadro, tatuagem, imã de geladeira e a palavra mágica em discursos motivacionais, mas como MODA é sinônimo de fugacidade, já houve a mudança, hoje o que está em uso é a GRATIDÃO, que já veio depois da RESILIÊNCIA.

A cada virada de ano muda a palavra de ordem, mas quem de fato reflete sobre ela, ou tenta praticar?

A pessoa enche suas redes sociais de textos reflexivos, fotos posadas e legendas com essas palavras e que muitas vezes foram achadas no pensador.com.br . Nada contra, de verdade! Até porque somos inundados diariamente por informações, textos que devem ser lidos, livros (inclusive, esse saiu de moda de novo) que ficam cada vez mais finos e com títulos curtos e grossos, justamente porque estamos nos tornando uma geração superficial, líquida - aliás, termo esse, muito bem aplicado pelo pensador Zygmunt Bauman - e fugaz, que em tempo de aquecimento global fica mais fácil ainda fazer a analogia com liquido, então esquecemos de alimentar nosso intelecto, nossa alma; há aqueles, que fingem ouvir audiobook para não passarem por iletrados, "ah, mas pelo menos tentam, né?" que tal tentar de verdade?.

Voltando ao raciocínio...

Estamos tão superficiais, que corremos o risco de mudar o discurso dependendo da nossa roda de conversas e o pior, não percebemos isso na maioria das vezes, só se você estiver entregue ao que está sendo dito e então uma autoavaliação é necessária para saber se você realmente faz o que fala, se pensa no dia a dia o seu discurso. Aí vem a nova palavrinha que os coaching estão ganhando visibilidade encima, MINDFULNESS - atenção plena.

Se reunirmos essas palavras todas, claro que no português - não sei que mania ainda é essa nossa de ficar sempre adotando as palavras em inglês - não passam de lições que antes aprendíamos com nossos pais e avós. Não precisávamos de livros para nos ensinar o que aprendíamos naturalmente no convívio familiar, na escola e no trabalho.

Todo esse rodeio foi porque, essa semana notei que ao conversar com alguém eu me tornei uma pessoa lenta nas respostas, estou parando para avaliar tudo o que digo, sempre revisando para ver se realmente pratico o que falo ou penso, preciso ser coerente, não só com a pessoa que está comigo, mas comigo mesma. Qual o sentido eu discursar algo que não pratico?

Você tem parado para repensar o que vem falando para os outros ou fazendo?
Você se acha uma pessoa coerente?

Divide comigo para eu não achar que inventei a pólvora.

Nasmatê!