Não são fotos artísticas — são registros cheios de significado. Cada prato que provei desde que cheguei ao Alentejo carrega um pouco da forma calorosa como tenho sido recebida em Portugal. E, sinceramente, preciso dizer: a culinária alentejana é apaixonante, e esse é um elogio genuíno vindo de uma paraense raiz.
Desde o primeiro dia, percebi que a comida aqui é mais do que refeição; é gesto de afeto, é convite, é conversa. Talvez eu esteja me saindo bem nessa nova fase porque cresci com uma alimentação de origem ribeirinha — quem vem do Norte do Brasil sabe bem o que isso quer dizer. A gente aprende cedo a respeitar o que vem da terra, do rio, da caça… e a comer sem frescura.
E foi exatamente essa flexibilidade que me salvou logo na primeira noite: no jantar de recepção oferecido pelo amigo de infância do meu sogro, fui surpreendida com um coelho guisado. Não vou mentir, não gostei— mas provei, com dignidade e curiosidade.
No dia que aqui cheguei, meu sogro me levou à tradicional Taberna do Ismael, onde experimentei dois clássicos:
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Cabeça de borrego — visual desafiador, sabor surpreendentemente bom.
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Enguia ao molho de tomate — aqui já sabia que não seria meu prato preferido.
E uma coisa que aprendi rápido: 99% das refeições portuguesas vêm acompanhadas de vinho e terminam com um café expresso forte. É tradição, é protocolo, é amor puro pelos rituais da mesa.
A verdade é que a comida alentejana tem esse poder: é saborosa, é afetiva, é marcante. E isso toca quem é nortista — porque também somos assim: nosso sabor é memória, é calor humano, é história.
Sigo agora na expectativa das próximas experiências gastronómicas que este país tão generoso ainda vai me oferecer.
Os pratos que marcaram minha chegada (em ordem de descoberta)
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Paio
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Feijoada de choco
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Sardinha fresca com batatas
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Castanhas portuguesas
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Carne de porco à alentejana
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Açorda alentejana
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Costela de borrego e migas com couve
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Bacalhau com migas (receita do meu sogro)
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Sardinha com pasta de espinafre (receita do meu sogro)
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Choco frito — direto de Setúbal, no famoso Léo Rei do Choco Frito (chegue cedo!)
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Moelas refogadas com vinho tinto
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Pequeno-almoço do meu marido: iogurte com frutas da estação (eu continuo preferindo café!)
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Comida vegana em Beja
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Cozido à Portuguesa, do restaurante O Trovador, em Monte Velhos
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Degustação de vinhos com pequenos arranjos
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Feijoada com lulinha, chocos, polvo e camarões — confia: ficou absolutamente deliciosa
e 18. Café expresso — sempre, sem exceção.


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