Saturday, January 09, 2010

Quando minha avó falou . . .



Até que ponto podemos julgar que conviver com o sexo oposto, ou o que, julgamos ser a nossa cara-metade é válido?

Acho que, quando paramos para pensar nisso talvez já não seja mais tão válido assim. Insistir em uma futura harmonia as vezes trás só desarmonia.

Então, qual a hora exata de parar para que não haja arrependimento em cima do que você julgava ter plena consciência que futuro não teria?

Algumas pessoas, como eu, crescem baseadas em resumos e resultados de experiências vividas por outros mais próximos, os chamados "espelhos".

Minha avó dizia sempre duas frases que nem sempre eram pra mim, na maioria das vezes eram pra minha mãe e minha prima mais velha. O que elas tinham em comum para ouvirem com muita freqüência " Quando a cabeça não pensa, o corpo padece" e " olha fulana como espelho"; Era a falta de juízo que a minha musa julgava.

Sempre parecia que eu estava no mundo da lua, e na verdade estava, afinal eu tinha por volta de 7 anos. Era uma época em que eu corria o terreno dos meus avós com muita liberdade e com uma coragem de exploradora, cada brincadeira que eu criava era uma viagem, que hoje lembro com muito carinho e gratidão por terem me dado esta infância. Mas ao mesmo que eu me prendia no meu mundo, eu sempre pegava referências no meu mundo real.

Era uma pessoa invisível. Crianças sempre brincam que tem super poderes e o meu era a ivisibilidade. Os adultos as vezes esqueciam que eu estava por perto e falavam, brigavam e brincavam, sem perceberem que eu observava. Talvez pensassem que eu por ser tão pequena não entendia o que acontecia. É o que eu, hoje no alto dos meu 27 anos tento não fazer com as crianças ao meu redor, não esquecer que elas pensam, observam e guardam por toda uma vida episódios marcantes.

Como eu guardei o que minha avó disse pra minha mãe quando ela decidiu deixar meu pai pra ficar com um outro homem e ir embora pra outro estado, deixando a mim e meu irmão pra trás. Claro que não vejo isso com amargura, até por que, ela me teve muito jovem, e ela é romântica, ela queria apenas viver um romance, mas a genitora da familia, não só pelo fato de conhecer muito bem minha mãe, mas sim, pelos muitos anos de vida que ela teve, ela já tinha experiência o suficiente para advertir minha mãe que pela sua escolha impensada ela padeceria.

Ela não deu ouvidos e partiu. Um ano depois estava de volta, pedindo desculpas por não ter dado ouvidos a voz da experiência.

Quando minha prima ficou de namorico as escondidas, minha sábia heroína chegou até ela e disse " Olha a tua prima, a filha da fulana no que deu". E a nova criatura fez direitinho o seu papel; desobedeceu os conselhos da mãe de todos nós, e adivinhem, engravidou aos 18 anos.

O único conselho que ela dizia pra mim, e só pra mim era "minha filha, não case antes dos 25. Estude, se forme, tenha a sua vida, só depois pense em familia". Nossa!! Um conselho direcionado a mim, e até hoje cumpro a promessa que fiz, que era se um dia minha avó me desse um conselho e que este fosse só pra mim eu o cumpriria a risca. E estou aqui, solteira, tentando me formar, e tentando ter a minha vida independente e confortável, pra então só depois disso pensar em ter uma familia.

Aí depois de ver todos esses espelhos na familia, eu penso bem antes de fazer para que meu corpo não padeça depois.

As vezes minha mãe disse que eu penso demais até.

Será?

2 comments:

Flávia Lima said...

Todas as "previsões" de minha vozinha estavam certas. Foram se comprovando uma a uma, até mesmo após sua partida. Sim, avós são como gurus. Que bom que você segue o conselho que a sua lhe deixou. Enquanto você ultrapassa as etapas de sua vida, as respostas sobre "momentos certos" virão. Como eu sei? Aí é que está, eu não sei. Apenas acredito, com base em observações, sentimento. Constituir família, ter um filho, nada disso é como planejar uma viagem ou fazer um curso. Acredito que pensar nunca é demais, principalmente se tratando de planos tão... a longo prazo. Razão e emoção, é do que somos feitos. Saber dosá-las deve ser a fórmula certa para sermos felizes. beijinhos

L.S. Alves said...

Minha avó nunca me deu conselhos. A sua pelo visto era boa obsevadora da alma humana. Mas existem pessoas que precisam vivenciar aquelas experiências, precisam tentar, mesmo que digam que vai dar errado elas acreditam que podem fazer diferente. E isso não está errado. É apenas uma forma diferente de enxergar o mundo. Para essas pessoas não conselho que sirva.
Um abraço moça.