Sunday, August 07, 2011

Meu Juquita e seu dia-a-dia


Ilustração: Otoniel Oliveira

Umas das lembranças do meu avô, é o arquivo de gavetas.

A última vez que vi o arquivo, foi em 1999, quando meu avô faleceu. Desde criança via meu Juquita [apelido para Joca, que já era diminutivo de João] mechendo em seu arquivo, que eu sempre chamava de cofre. O molho de chaves pendurado sempre no cós de suas bermudas era uma atração pra mim, por que até um pouco antes de eu completar 10 anos eu não podia nem olhar o que tinha nele, por dois motivos: o primeiro era porque eu não tinha altura para olhar a primeira gaveta e o segundo era que ele tinha muito ciúme do que tinha no Arquivo do meu avô.

Era de ferro, e de cor cinza.

Na primeira gaveta ele guardava o dinheiro, o pente, o desedorante, o perfume e a brihantina.
Na segunda, papéis de contas pagas e a pagar, mais seus documentos e copos com moedas para dar aos netos.
Na terceira, resma com palta.
Na quarta, resma sem palta e mel de abelha que vinha em sachês dentro de uma caixa comprida.

Logo depois de completar meus 10 anos, eu fui a única neta [com muito orgulho] que podia abrir o cofre, ele entregava em minhas mãos as chaves, para eu ir sozinha buscar a quantia de dinheiro que era pedida, ou por mim, ou por minhas primas, ou tias.

Era emocionante saber que eu tinha as chaves do "cofre" do meu avô.

1 comment:

L.S. Alves said...

Bonita história. Fez-me sorrir.