Esse final de ano, por algum motivo foi mais deprimente do que os outros.
Raríssimas vezes tive um sentimento de que o próximo ano seria melhor, talvez pelo ano vivido ter sido muito bom, ou porque eu realmente não acredito que uma virada no calendário faça alguma diferença em nossas (minha) vidas.
Mas esse em particular, queria ter sumido.
Queria ter entrado em uma bolha, banheira do Demolidor rico, sei lá, ido pro espaço, ficado em algum lugar em que por um dia inteiro eu esquecesse quem sou, quem fui, quem sonhei ser, quem eu conheço, quem conheci... Sabe? Ficar SÓ! Queria nesse dia, acorda sem lembranças da minha vida.
Realmente não sei o motivo de ter desejado isso com tanta força, mas desejei.
E mesmo fingindo simpatia, ouvia minha alma gritando como se eu a tivesse colocado em uma solitária, onde a real liberdade para ela seria uma renovação de vida, de história, de tudo.
Talvez já esteja na hora de eu reencarnar, tenho certeza que ainda não aprendi a lição que vim a esse mundo para aprender. E acho que é assim que saímos de uma vida para viver a outra. Graças a Deus sem nenhuma lembrança da vida anterior, pois seria doloroso saber que em todas a gente só se ferra.
Ainda deixei meu celular desligado para me afastar de mensagens de natal falsas, copiadas e coladas, o que é pior, só encaminhadas; Onde nenhuma é realmente para você, fugi também das fotos de famílias felizes, de gente rica. Todo mundo nas minhas redes sociais foram ficando ricas, e infelizmente eu não acompanhei a riqueza. Todo mundo tem um super banquete, uma casa maravilhosa, uma família amorosa, e todos são lindos, capa de revista, não andam mais amassados. E os que resolveram comemorar de pijama (como eu faço na maioria dos anos, quando estou em casa) fizeram questão de postar pijamas novos e "diferentões" e colocaram a legenda "Natal sem ostentação". Sério? Pode até ser, dado o contexto de outros natais da tal família, mas... eu ando bem bugada com o que andamos fazendo hoje em dia. Da forma que expomos nossas vidas e as outras pessoas dela.
Lembro da primeira vez que "estalqueei" verdadeiramente uma pessoa; E gente, foi na época do Fotolog eu fiquei sabendo muita coisa sobre ela, para onde ia com que frequência, quem era o pai, onde ele trabalhava, onde ela trabalhava. Será que não percebemos mesmo o quanto isso facilita? Que pessoas que não devem nos encontrar acabe nos encontrando e facilmente? E se eu fosse alguém pesquisando sobre ela para matá-la? E quantos assassinos já não tiveram as redes sociais como sua principal fonte segura de onde encontrar alguém?
Quando nos tornamos pavões? Deixamos de querer o essencial para ter o que vai agradar outros que nem nos conhece. Para satisfazer outras pessoas infelizes sonhando com as vidas "perfeitas" que mostramos ter.
Estamos nos tornando uma sociedade totalmente sonhadora, pouco realizamos e muito simulamos para mostrar.
Eu espero que essa crise existencial que eu estou passando me ajude a finalmente realizar ao invés de só sonhar.
A minha maior esperança para 2019 é que eu consiga VIVER.
E desejo o mesmo para quem tem o mesmo sentimento, mas ainda não encontrou forças para sair dessa rotina, que percebemos mas achamos inofensiva.
No mais, feliz 1964.
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